Um aluno trouxe três notícias que encontro na
Internet, nomeadamente:
1ª
Plantas estão a florir mais cedo do que dizem os
modelos climáticos

Há mais de
20 anos que os cientistas simulam como vão as plantas responder às alterações
climáticas. Esses estudos têm concluído que as plantas começam a dar folhas e
flores entre 1,9 e 3,3 dias mais cedo por cada grau de aumento da temperatura.
Mas, segundo o estudo da Nature, os números são mais elevados na realidade, na
ordem dos 5 a 6 dias.
Estes
resultados baseiam-se na comparação entre experiências em 1634 espécies de
plantas e as observações a longo prazo dessas espécies na natureza, que foram
realizadas por 22 instituições nos Estados Unidos, Canadá, Suécia, Suíça e
Reino Unido.
“Até agora,
partíamos do princípio de que os sistemas experimentais respondiam da mesma
maneira do que os sistemas naturais. Mas não é o caso”, disse em comunicado o
coautor do estudo, Benjamin Cook, do Observatório da Terra Lamont-Doherty na
Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
Os métodos
experimentais poderão estar a falhar porque reduzem a luz, o vento e a humidade
do solo, o que influencia a maturidade das plantas, refere o estudo. Como
exemplo, os investigadores exemplificam que a floração das cerejeiras em
Washington é hoje uma semana mais cedo em relação aos anos de 1970.
“Isto
significa que as alterações previstas nos ecossistemas, incluindo Primaveras
mais precoces em grande parte do planeta, podem ser muito maiores do que as
atuais estimativas, baseadas em experiências”, disse Elizabeth Wolkovich, da
Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver, uma das autoras do estudo.
Para
Elizabeth Wolkovich, imitar a natureza é muito mais difícil do que se pensa.
Por exemplo, a equipa responsável pelo estudo descobriu que, em alguns casos, o
uso de câmaras de aquecimento para aumentar as temperaturas artificialmente
pode ter o efeito contrário. “No mundo real não vemos mudanças na temperatura;
vemos mudanças na precipitação e nos padrões das nuvens e outros fatores.
Estamos muito, mas muito longe de conseguir replicar as alterações nas nuvens”,
disse à BBC.
“Acho que
nunca vamos imitar a natureza na perfeição. Mas acredito que podemos fazer
muito melhor.”
Prever as
respostas das plantas às alterações climáticas tem consequências importantes
para o abastecimento de água às populações humanas, para a polinização de
culturas e o bem-estar geral dos ecossistemas, lembram os investigadores.
2012-5-7 por
Público
2ª
Ecologia
Mudanças climáticas podem ser mais rápidas que a capacidade de migração de alguns mamíferos
Estudo indica que pelo menos 9% dos mamíferos do continente americano não vão conseguir migrar a tempo para novos habitats
Um estudo publicado nesta segunda-feira na revista PNAS conclui que muitos mamíferos não conseguirão migrar para outras regiões a tempo de escapar dos efeitos trazidos pelas mudanças climáticas sobre seus habitats.
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle, mostrou que, ao longo do continente americano, pelo menos 9% dos mamíferos não vão conseguir acompanhar a velocidade das mudanças climáticas. Em algumas regiões, esta taxa chega a 40%. A variação se deve ao fato de que certas paisagens são mais difíceis de vencer. Os animais que vivem nos trópicos, por exemplo, geralmente têm que percorrer distâncias maiores para chegar a um território com clima mais adequado do que aqueles que vivem em regiões de montanha.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Dispersal will limit ability of mammals to track climate change in the Western Hemisphere
Onde foi divulgada: revista PNAS
Quem fez: Carrie A. Schloss, Tristan A. Nuñez e Joshua J. Lawler
Instituição: Universidade de Washington, Estados Unidos
Dados de amostragem: 493 espécies de mamíferos no continente americano
Resultado: Em média, 9% dos mamíferos do continente americano não vão conseguir migrar a tempo de escapar das mudanças climáticas das próximas décadas
A migração de animais já aconteceu em outros episódios em que a Terra sofreu
alterações climáticas. Neste estudo, os autores buscam verificar se algumas
espécies serão capazes de encontrar a tempo locais adequados para sobreviver,
considerando a velocidade das mudanças climáticas e as alterações da paisagem
provocadas pelo homem.Título original: Dispersal will limit ability of mammals to track climate change in the Western Hemisphere
Onde foi divulgada: revista PNAS
Quem fez: Carrie A. Schloss, Tristan A. Nuñez e Joshua J. Lawler
Instituição: Universidade de Washington, Estados Unidos
Dados de amostragem: 493 espécies de mamíferos no continente americano
Resultado: Em média, 9% dos mamíferos do continente americano não vão conseguir migrar a tempo de escapar das mudanças climáticas das próximas décadas
"Eu acho que é importante verificar que, quando o clima mudou no passado, entre períodos glaciares e interglaciares e o alcance das espécies expandiu e contraiu, a paisagem não estava coberta por campos de agricultura, estradas imensas e estacionamentos. Então as espécies podiam se locomover mais livremente pela paisagem", diz Josh Lawler, coautor do estudo e professor da Universidade de Washington.
"Nós subestimamos a vulnerabilidade dos mamíferos às mudanças climáticas quando olhamos as projeções de áreas com climas adequados sem incluir também a capacidade dos mamíferos de se locomoverem”, explica Carrie Schloss, principal autora do estudo.
Grupos afetados — O estudo mostrou que primatas - micos, macacos-aranhas, saguis e bugios, alguns já ameaçados de extinção - terão mais dificuldades para migrar. Já o grupo dos vencedores da corrida contra a mudança climática será formado por coiotes, lobos, veados, renas, tatus e tamanduás.
"Os primatas do continente americano, por exemplo, levam anos para se tornarem sexualmente ativos. Isso contribui para sua baixa taxa de dispersão e uma razão para eles se tornarem vulneráveis", diz Schloss. "Esses fatores indicam que quase todos os primatas desse continente terão uma redução de 75% de sua distribuição territorial", explica Schloss.
Redução de habitat — Cientistas calculam que 87% das espécies de mamíferos deverão sofrer reduções de seus territórios e que 20% dessas reduções serão provocadas pela limitação da capacidade de dispersão desses animais, já que o número de áreas com climas apropriados vai ser reduzido.
O estudo foi feito com análise de 493 espécies de mamíferos de diversos tamanhos ao longo do continente americano. É o primeiro estudo a avaliar não só a existência de habitats adequados no futuro, mas a capacidade de espécies de mamíferos alcançá-los a tempo.
Cálculo das velocidades — A velocidade de migração de cada espécie foi calculada considerando massa, tipo de dieta, intervalo entre gerações e as distâncias a serem percorridas. Nos mamíferos, a migração acontece geralmente uma vez a cada geração.
Os autores compararam esses dados com a velocidade das mudanças climáticas para as próximas décadas baseada em 10 modelos climáticos globais e com a emissão de gases causadores do efeito estufa apontados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O estudo considerou apenas mudanças climáticas como causadores da migração de animais - a competição entre espécies não foi levada em conta. A ocupação humana do território também foi levada em conta como um impeditivo para migração de algumas espécies.
"Nossas previsões são bastante conservadoras, ou até otimistas, visto o que pode acontecer. Nossas aproximações assumem que os animais vão na direção necessária para evitar ao máximo as mudanças climáticas", conclui Lawer.
Saiba mais
IPCCO Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (em inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change) foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a fim de produzir informações relevantes para a compreensão das mudanças climáticas. Por sua contribuição ao tema, o IPCC ganhou o Nobel da Paz em 2007. Entre os 831 especialistas do Painel que vão redigir seu quinto relatório de avaliação climática, a ser publicado em 2014, 25 são brasileiros.
3ª
Estudo
publicado na Science
Os animais e as plantas estão a fugir para longe do
calor
Os animais e as plantas estão a
fugir para latitudes frias e para altitudes maiores nas últimas quatro décadas
devido às alterações climáticas, mostra um estudo publicado nesta quinta-feira
na edição online da revista Science.
“Estas
alterações são o equivalente aos animais e às plantas a distanciarem-se do
Equador 20 centímetros por cada hora, todas as horas do dia, todos os dias do
ano”, explicou em comunicado Chris Thomas, biólogo e professor da Universidade
de York, e líder do projeto que originou o artigo.
A equipa analisou informação de duas mil espécies de animais e plantas. Segundo o resumo do artigo “a distribuição das espécies alterou-se recentemente para altitudes superiores a uma média de 11 metros por década, e para latitudes maiores a uma média de 16,9 quilómetros por década”. Estes resultados são em média duas a três vezes superiores aos estudos que já se tinham feito.
A informação recolhida foi de espécies de aves, animais, répteis, insetos, aranhas e plantas, na Europa, América do Norte, Chile, Malásia e na ilha de Marion, no sul de África . “Mostrámos pela primeira vez que as mudanças de distribuição das espécies estão relacionadas com o grau das alterações climáticas numa dada região”, explicou, citada pela AFP, I-Ching Chen, a primeira autora do artigo, que fez o doutoramento na Universidade de York.
Mas estas mudanças não são lineares. Há espécies que viajam muito para norte, outras menos, há outras que se mantêm com a mesma distribuição, mas tornam-se mais frequentes nas áreas dessa região que são mais frias e diminuem de frequência nas zonas mais quentes. Há casos em que outras condicionantes, como a redução do habitat, travam migrações que pareceriam óbvias sob a óptica das alterações climáticas.
Na Grã-Bretanha, a borboleta Fabriciana adippe “esperar-se-ia que viajasse para norte se as alterações climáticas fossem a única coisa a afectá-la, mas na verdade tem vindo a diminuir por causa da perda de habitat”, disse em comunicado David Roy, co-autor do artigo. O especialista refere-se ainda à Polygonia c-album, uma borboleta comum na Grã-Bretanha, que, "em duas décadas, se moveu 220 quilómetros do centro da Inglaterra para Edimburgo”.
Apesar de este estudo não prever as consequências destes efeitos, que se espera que continuem a sentir-se ao longo deste século, Chris Thomas defende que as histórias não vão ser todas iguais: “A rapidez com que as espécies estão a mover-se devido às alterações climáticas indica que muitas estão realmente a ir em direção à extinção, devido à deterioração das condições climáticas. Por outro lado, outras espécies estão a mover-se para novas áreas onde o clima se tornou apropriado, por isso vão haver alguns ganhadores, assim como perdedores.”
A equipa analisou informação de duas mil espécies de animais e plantas. Segundo o resumo do artigo “a distribuição das espécies alterou-se recentemente para altitudes superiores a uma média de 11 metros por década, e para latitudes maiores a uma média de 16,9 quilómetros por década”. Estes resultados são em média duas a três vezes superiores aos estudos que já se tinham feito.
A informação recolhida foi de espécies de aves, animais, répteis, insetos, aranhas e plantas, na Europa, América do Norte, Chile, Malásia e na ilha de Marion, no sul de África . “Mostrámos pela primeira vez que as mudanças de distribuição das espécies estão relacionadas com o grau das alterações climáticas numa dada região”, explicou, citada pela AFP, I-Ching Chen, a primeira autora do artigo, que fez o doutoramento na Universidade de York.
Mas estas mudanças não são lineares. Há espécies que viajam muito para norte, outras menos, há outras que se mantêm com a mesma distribuição, mas tornam-se mais frequentes nas áreas dessa região que são mais frias e diminuem de frequência nas zonas mais quentes. Há casos em que outras condicionantes, como a redução do habitat, travam migrações que pareceriam óbvias sob a óptica das alterações climáticas.
Na Grã-Bretanha, a borboleta Fabriciana adippe “esperar-se-ia que viajasse para norte se as alterações climáticas fossem a única coisa a afectá-la, mas na verdade tem vindo a diminuir por causa da perda de habitat”, disse em comunicado David Roy, co-autor do artigo. O especialista refere-se ainda à Polygonia c-album, uma borboleta comum na Grã-Bretanha, que, "em duas décadas, se moveu 220 quilómetros do centro da Inglaterra para Edimburgo”.
Apesar de este estudo não prever as consequências destes efeitos, que se espera que continuem a sentir-se ao longo deste século, Chris Thomas defende que as histórias não vão ser todas iguais: “A rapidez com que as espécies estão a mover-se devido às alterações climáticas indica que muitas estão realmente a ir em direção à extinção, devido à deterioração das condições climáticas. Por outro lado, outras espécies estão a mover-se para novas áreas onde o clima se tornou apropriado, por isso vão haver alguns ganhadores, assim como perdedores.”
Sem comentários:
Enviar um comentário